Como o jornalista que atua na imprensa regional do setor do agronegócio vem enfrentando os desafios de um mercado em constantes mudanças? Esse foi o centro das discussões do workshop “Jornalismo Regional”, promovido nesta segunda (30/9), pela Rede Agrojor (Rede Brasil de Jornalistas Agro). Os workshops, eventos que fazem parte da agenda regular da entidade, são destinados exclusivamente aos seus membros.
Para o workshop “Jornalismo Regional” foram convidados a jornalista Carolina Brazil, que atua a partir de Porto Velho (RO); Divino Onaldo, de Rio Verde (GO); Toninho Anhaia, de Piraí do Sul (PR), e Lima Rodrigues, de Imperatriz (MA). Eles contaram suas histórias de como construíram carreiras no agrojornalismo do interior do país, o que realizam atualmente e como veem as relações institucionais e corporativas nos dias atuais. Todos eles têm uma longa carreira como jornalistas do setor.
Carolina conta que em 2005 surgiu a oportunidade de trabalhar na área, no mesmo ano em que entrou na faculdade de jornalismo. Ela construiu uma carreira na televisão, passou por várias emissoras – no Jornal de Rondônia, nas funções de repórter, produtora e editora, foram 18 anos – além de produzir podcasts. Hoje, Carolina é coordenadora de marketing do Grupo Rovema, que atua com grãos, genética de animais Nelore, além de ter a conta da Mitsubishi Rondônia. “Dei um giro na minha vida (em relação ao que fazia). E não pretendo parar”, afirma. Para Carolina, o mercado precisa de uma “reinvenção do profissional de comunicação no agro”.
Mudar tem sido um movimento constante na imprensa regional. Divino Onaldo, que começou no rádio em meados da década de 1980, diz, “brincando”, que era locutor e hoje é um podcaster. Desde 2020, ele tem o Agro e Prosa Podcast, nos canais digitais e na Rádio Morada do Sol FM de Rio Verde. Lima Rodrigues, que faz parte da diretoria da Rede Agrojor, criou há 13 anos o programa Conexão Rural,depois de uma longos anos na comunicação. E Toninho Anhaia criou há uma década a plataforma Minuto Rural, depois de passar por assessorias de imprensa e de redações como o Jornal O Piraiense, Diário de Sorocaba e A Notícia do Paraná.
“Eu fiz 65 anos dia 19 de setembro e estou há 47 anos no jornalismo”, afirma Rodrigues. “É uma profissão que gosto muito, apesar das dificuldades”. As dificuldades, segundo Rodrigues, e também Toninho e Divino Onaldo, é fazer com que as empresas que atuam no agronegócio enxerguem o peso e a importância dos jornalistas que estão no dia a dia, em contato com o produtor rural, e invistam nos canais regionais de mídia liderados por eles. “Nós estamos com o pé na terra. Estamos próximos do pecuarista, do produtor rural, do pesquisador, do técnico. A grande mídia está longe da necessidade local desse público”, diz Divino Onaldo. “A dificuldade realmente existe, de você tentar monetizar o seu trabalho e de que forma.”
Toninho lembra que, para os jornalistas regionais, o dilema entre empreender e permanecer ligado a uma empresa ou instituição – ele trabalhou com cooperativas – não é recente. Ele próprio é um caso. Mas hoje esse empreendedorismo não é mais algo isolado e de pouca penetração, por conta do mundo digital. “Somos uma mídia regional e temos no nosso site uma média de 100 mil usuários únicos”, diz ele. No caso, um público de comunidade com demandas específicas por técnicas e informações customizadas. E não é só ele com números relevantes. Divino Onaldo, por exemplo, já realizou 850 entrevistas em seu podcast. Lima Rodrigues tem uma ampla cobertura dos eventos regionais do Nordeste, em feiras e exposições.
Para eles, um passo que já começou a ser dado – que é embrionário, mas com potencial –, são as parcerias de conteúdo para a mídia regional. Eles vêm trabalhando em uma espécie de rede informal, com troca de reportagens, produções conjuntas com customização para os determinados públicos, entre outros. “Estamos experimentando e tentando ajudar uns aos outros. A gente meio que formou uma equipe em que um ajuda o outro, compartilhando material”, diz Divino Onaldo. Hoje, ele tem parceria com o Portal do Agronegócio de Minas Gerais; com Vicente Delgado, de Mato Grosso, com Wesley Alexandre, de Mato Grosso do Sul, e Bruno Faustino, do Espírito Santo. “O Toninho é meu parceiro. O Minuto Rural divulga o Conexão Rural há muito tempo, assim como outros colegas em Rondônia, Tocantins e Goiás”, diz Lima Rodrigues.
Carolina afirma que acredita muito “na contação de história” e que, para os empreendedores do jornalismo regional, é preciso ainda vender um produto. Uma ideia lançada no workshop é trabalhar para entender as ferramentas regionais e como elas podem dar suporte para que o agrojornalista regional, trabalhando em seus meios como empreendedor ou em companhias do setor, trilhem esses novos caminhos que passam pelo colaborativo e começam a ser construídos.
Quer saber de tudo, e dos detalhes do que foi conversado nesse workshop “Mídias Regionais”, promovido pela Rede Agrojor”? Ele está à disposição no grupo de whatsapp da Rede Agrojor e no site redeagror.com.br, com acesso restrito aos jornalistas associados. Ainda não é um associado? Clique aqui e venha para a Rede Agrojor.